Da Dissimulação Honesta

ACCETTO, TORQUATO
MARTINS - MARTINS FONTES

60,53

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Escrita no século XVII por Torquato Accetto, esta obra permaneceu desconhecida até 1928, quando Benedetto Croce a descobriu. Da dissimulação honesta apresenta a chamada "literatura dos secretários" - a literatura produzida pelos secretários dos nobres da época barroca - encontrando sua expressão mais perfeita e mais elíptica, na esteira da cultura do cortesão descrita por Baldassare Castiglione. "É possível dizer que, tanto na ação política das monarquias, através das ''razões de Estado'', quanto na nação pública dos secretários e cortesãos discretos, a arte da dissimulação deve ser entendida como uma técnica básica de ocultar ou adiar a verdade, mas não de produzir a mentira. As distinções aqui podem parecer sutis e admitem sempre uma análise pormenorizada de casos, mas em termos gerais a regra a aplicar-se é a seguinte: a ''dissimulação'' é honesta enquanto não diz imediatamente o que é, tendo em vista a efetuação de determinada finalidade moral ou catolicamente aceita, nos termos da Igreja do período, mas deixa de sê-lo se passar a fingir maliciosamente o que não é, vale dizer, se ''simular'' como trapaça, engano ou vaidade uma coisa que é falsa. De outra maneira, podemos definir a ''dissimulação honesta'' como uma regra de medir ou buscar o verdadeiro numa situação em que a verdade é sempre indireta e construída a partir de situações públicas embaraçosas ou confusas, pois resultantes de um estado de coisas em que as virtudes nunca aparecem sós, e os vícios misturam-se, melífluos, aos mecanismos da razão". - Alcir Pécora